40 anos da visita de João Paulo II ao Brasil: No Vidigal, papa quebrou protocolo ao doar anel episcopal à comunidade.
02.07.2020 - 05:00:00 | 4 minutos de leitura
| André Bernardo - Rio de Janeiro| Ainda hoje, a professora Maria Christina de Sá, de 84 anos, não se esquece da "cara de susto" dos militares quando, em uma reunião na Arquidiocese do Rio, ela começou a listar os lugares que João Paulo 2º, o primeiro papa a visitar o Brasil, poderia conhecer na cidade: o Corcovado, o Maracanã, o Vidigal... "O quê? O papa numa favela? Como será possível?", quiseram saber. "Se o papa queria mesmo chegar o mais perto possível do povo, o Vidigal era o lugar ideal", explica Christina que fora convidada pelo arcebispo Dom Eugênio Salles (1920-2012) para coordenar a visita — que nesta terça-feira (30/06) faz 40 quarenta anos.
"Você não faz ideia da ousadia que foi. Não havia celular, computador, nada disso. Tudo era feito por carta ou telefone", relata.
A escolha do Vidigal, na Zona Sul do Rio, não foi casual. Desde 1976, seus moradores estavam ameaçados de remoção. A Prefeitura alegava risco de deslizamento para transferir a comunidade para Antares, em Santa Cruz, a 30 quilômetros de distância. Mas, como a maioria dos moradores trabalhava na Zona Sul, eles se recusaram a sair. Foi quando tiveram a ideia de pedir ajuda ao padre Ítalo Coelho, da Igreja de Santa Cruz, em Copacabana, que levou o problema para Dom Eugênio, que acionou o jurídico da Cúria. Na liminar que impediu a remoção, o juiz alegou que os moradores já ocupavam o local há mais de 20 anos e que a encosta não apresentava risco iminente.
A ideia de levar o papa para conhecer uma favela foi aceita. Mas, foi montado um rigoroso esquema de segurança. Desde a meia-noite do dia anterior, o Vidigal foi interditado para quem não fosse morador. Soldados do Exército e agentes da Polícia Federal vasculharam as casas próximas ao caminho que seria percorrido pelo papa e revistaram seus moradores. "Nossa preocupação era grande. O papa não podia sofrer um arranhãozinho sequer. Se não, era mais um motivo para remover a comunidade", afirma Paulo Roberto Muniz, de 65 anos, morador do Vidigal e presidente da associação de 1981 a 1983 e de 1985 a 1987.
Durante a visita, ninguém entrava, ninguém saía. Até o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Ivo Lorscheiter (1927-2007), e o secretário da instituição, Dom Luciano Mendes (1930-2006), foram impedidos de entrar. O ônibus em que estavam errou o caminho e se atrasou cinco minutos. Conclusão: os dois foram barrados na avenida Niemeyer, que dá acesso ao morro.
No Vidigal, papa quebrou protocolo ao doar anel episcopal à comunidade
A visita ao Vidigal começou às oito da manhã do dia 2 de julho de 1980. Na comunidade, o papa inaugurou a capela de São Francisco de Assis, construída em mutirão pelos moradores. "Vim aqui, não por curiosidade, mas porque amo vocês e lhes quero bem", declarou em seu discurso.
Depois de abençoar a capela, quebrou o protocolo ao presentear a comunidade com seu anel episcopal, e entregá-lo ao padre Coelho, coordenador da Pastoral das Favelas. Dias depois, Coelho confiou a joia ao frei Benjamin Remiro Diaz, da paróquia Santa Mônica, no Leblon. Feito de ouro maciço, ele tem 18 quilates e pesa 21 gramas.
"O anel não foi vendido, nem leiloado. Dom Eugênio achou melhor guardá-lo no Museu de Arte Sacra, onde está até hoje. Foi feita uma réplica que, por sugestão do próprio papa, ficou com os moradores", relata Frei Benjamin, hoje vigário da Nossa Senhora da Saúde, em São Paulo (SP).
No percurso até o asfalto, o papa entrou na casa de Elvira Almeida de Lima, de 64 anos. "Dona Elvira ficou tão emocionada que disse: se pudesse, jamais varreria de novo o lugar onde o papa pisou", recorda frei Benjamin. Está foi a primeira visita de um Papa ao Brasil.
A matéria de origem encontra-se em : https://www.bbc.com/portuguese/geral-53232055#
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