A Recoleção e o Espírito Santo
30.11.2022 - 08:41:37 | 3 minutos de leitura
Frei Sergio Peres| Brasil |Constituição da Ordem dos Agostinianos Recoletos começa assim: ”O Espírito Santo enriquece a Igreja e a governa com diversos dons hierárquicos e carismáticos e com a força do Evangelho a rejuvenesce, renova-a sem cessar e a conduz à plena união com o Esposo . A este influxo carismático do Espírito deve-se o nascimento das famílias religiosas que, como manifestações do mesmo Espírito, surgem na história da salvação. O princípio dinâmico que faz nascer e conserva as famílias religiosas é o clamor de Deus, a voz do Espírito Santo “a cujo apelo se moveram os irmãos que desejavam viver unidos”. De Cristo, que é a cabeça, desceu o Espírito Santo como o ungüento e da Igreja fez surgir os mosteiros . A vida consagrada “pertence, assim, de uma maneira indiscutível à vida e à santidade da Igreja” (Const. 1).
A Ordem reconhece o seu nascimento como “obra” do Espírito Santo, que enriquece a Igreja, governa-a com seus dons, rejuvenesce-a com o Evangelho, renova-a e a conduz à unia o Cristo. É interessante como diante de uma tradição ocidental fortemente cristológica, a “recoleção” é vista como um movimento “pneumatológico”, ação do Espírito Santo, princípio dinâmico e unção que faz nasceros consagrados, mesmo diante das tensões, conflitos e situações confusas e até mesmo anti-evangélicas existentes muitas vezes dentro da própria Igreja.
A “Forma de Viver” e práticas de silêncio, oração e gestos de “humildade”
E as Constituições em seguida relembram: “Os padres vogais do Capitulo de Toledo (1588), conscientes desta inspiração divina e não querendo opor-se ao Espírito Santo, determinaram que se escolhessem ou fundassem algumas casas nas quais fosse observada a nova forma de vida, segundo as normas que o definitório provincial desse para esta Reforma ‘que a piedade do Senhor suscitava, enviando seu Espírito’” (Const. 4).
A Ordem nasce então como um reconhecimento do influxo do Espírito Santo e como uma atitude de escuta atenta e não resistência a sua ação. Um documento que vai procurar concretizar esta atitude de escuta atenta, silêncio constante e não resistência ao Espírito Santo é a “Forma de Viver”. A referência direta ao Espírito Santo não ocorre no documento, mas todas as prescrições referentes ao culto divino, à prática diária da oração, do silêncio, da oração mental, as formas concretas de vivenciar a obediência, a pobreza, os jejuns e mortificações visavam sempre o recolhimento e a atenção à ação do Espírito Santo.
Na Ordem, até hoje, é prática cantar o “veni Creator” nos momentos decisivos (sobretudo abertura de capítulosgerais e provinciais e antes da eleição dos superiores) erezar a oração ao Espírito Santo antes de iniciar oração mental cotidiana.
Assim, a Recoleção é antes de tudo atenção, escuta e não-resistência ao Espírito Santo, fonte de santidade, princípio dinâmico da Igreja e da Ordem.
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