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Chamados à santidade: convite universal e exigência comunitária

Notícias da Província

08.03.2021 - 04:30:00 | 4 minutos de leitura

Chamados à santidade: convite universal e exigência comunitária

“Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: sede santos porque Eu Sou Santo.” (IPe 1, 16)

| Frei Rhuam Ferreira Rodrigues de Almeida | Este convite é universal: “todos, quer pertençam à hierarquia, quer sejam por ela apascentados, são chamados à santidade”[1]. O batismo é o ingresso na santidade de Deus e da Igreja. A santidade procede de Deus e mesmo limitados, somos convidados a participar da santidade Dele. Todos os cristãos batizados são convidados a ser santos.

A Igreja, por ser santa, convida os seus à santidade. Não podemos dissociar a santidade da Igreja da santidade dos fiéis. Cristo partilha com a Igreja de sua santidade. Da mesma forma, o povo de Israel (figura da Igreja) constituía a “nação santa” (Ex 19, 6) porque era Deus Quem os convidou a ser seu povo e Ele, o Deus da nação: “Tomar-vos-ei por meu povo, e serei o vosso Deus” (Ex 6, 7). A Igreja santifica os seus, não por si, mas por Cristo que a tomou e a santificou por primeiro entregando-se por ela (cf. Ef 5, 25).

Enquanto a Igreja continua na história a obra da salvação e de santificação de Cristo é ela também santa. O povo eleito no Antigo Testamento era santo porque Deus, o único santo, estava nele; Cristo é Santo porque é a presença de Deus entre nós; a Igreja é santa porque nela Deus continua sua presença e sua ação na história através de seu Espírito que a anima e vivifica.

   O homem é vocacionado para unir-se ao seu Criador. Quando se abre a Deus, é totalmente transformado por sua ação santificadora. A santidade que os cristãos são chamados a viver é reflexo da santidade de Cristo e, por conseguinte, da Igreja. Compreendendo que a vocação, quando amadurecida, vivida e compartilhada é sinal profético entre os homens, damos um salto substancial que tira-nos do plano terreno e eleva-nos ao celeste, pois, reafirmando as palavras de Frei Jenaro Fernández, “se não é para ser santo, para que vivo?” Por sua vez, em sua Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”, o Papa Francisco propõe as Bem Aventuranças como um caminho para se alcançar a santidade. A própria raiz da palavra Bem Aventurado (ou beato) “torna-se sinônimo de santo, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade”[2].

   Esta santidade de vida deve ser vivida no interior da comunidade cristã. É a comunidade quem alimenta e sustenta a caminhada do crente. Cremos com a fé da Igreja, somos convidados a experienciar o Cristo em comunidade e a exalar a santidade também em comunidade. A comunidade é lugar de fortalecimento e celebração da fé e da vocação. É importante destacarmos que a fé não pode ser vivida na individualidade. A fé recebida fortalece-se na comunidade dos fiéis e o seguimento realiza-se na comunidade fraterna. Como Agostinianos Recoletos, cremos que a comunidade é lugar por excelência da manifestação do amor de Deus e lugar de vivência da santidade individual e comunitária. Homens santos formam comunidades santas. Comunidades santas irradiam ao mundo a presença de Deus e tornam-se testemunhas do Mestre. Recordemo-nos a passagem de Tomé (cf. Jo 20, 24-29). Estando ausente da comunidade, Tomé não presenciou a aparição do Ressuscitado. Somente quando este se encontrou reunido é que pôde fazer a experiência com Cristo ressuscitado e fortalecer sua dúbia fé. É na comunidade, portanto, onde a grande liturgia da vida é feita partilha e a santidade é exalada. Uma verdadeira comunidade de irmãos tem em vista uma única meta, caminham numa mesma direção e buscam o mesmo ideal:“Cada um procure amar aquela sociedade e comunhão, como está escrito: Não existia entre eles senão uma só alma e um só coração. Desta forma, tua alma não é tua, mas de todos os irmãos. As almas deles são tuas, ou, melhor, suas almas com a tua, não são almas, mas uma só alma, única, de Cristo.” (Epist. 243,4).


[1] CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA Lumen Gentium. Sobre a Igreja. In: COMPÊNDIO DO VATICANO II: Constituições, Decretos, Declarações. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 1996, nº 39.

[2] FRANCISCO. Gaudete et Exsultate. Exortação Apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual. São Paulo: Loyola, 2018. 64.


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