As configurações de cookies neste site são definidas para que possamos dar-lhe a melhor experiência enquanto estiver aqui. Se desejar, você pode alterar as configurações de cookies a qualquer momento em seu navegador. Ao continuar navegando você concorda com a nossa política de privacidade.
Aceitar e fechar
 
 

Os Agostinianos Recoletos e a Diocese de Franca - Parte 2

Notícias da Província

11.02.2022 - 05:00:00 | 8 minutos de leitura

Os Agostinianos Recoletos e a Diocese de Franca - Parte 2

Site da Diocese de Franca | 2a e última parte deste artigo, Frei Afonso fala sobre o Seminário e Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Capelinha.

O Seminário e Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Capelinha

Considerada sua importância, merece um capítulo à parte o Seminário e Paróquia Nossa Senhora Aparecida, a Capelinha.

Com menos de dez anos de atuação em Franca, a Ordem já marcara sua presença na cidade e vizinhança com o trabalho pastoral, digno de todos os encômios, e várias realizações no aspecto material, principalmente a continuação da matriz (hoje catedral), a construção da Igreja de São Sebastião, no bairro da Estação e a fundação do semanário O Aviso de Franca.

Em 1925, os agostinianos recoletos entregam-se à preocupação de consolidar sua presença na cidade, com a inauguração da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no bairro vulgarmente chamado “Capelinha”, por haver aí antigamente uma pequena capela dedicada à padroeira do Brasil, na propriedade que pertenceu ao senhor Manoel Valim e que foi comprada, após sua morte, pela Ordem dos Agostinianos Recoletos.

Quando na Espanha promulgou-se a lei de serviço militar obrigatório, os superiores da Ordem pensaram em destinar uma casa no Brasil onde os jovens não excedentes de contingente pudessem acabar a carreira eclesiástica. A escolhida foi a residência de Ribeirão Preto, e em 1915 chegaram os quatro primeiros estudantes. No entanto, com o passar dos anos e a chegada de novos jovens, a casa tornou-se pequena para acomodar o “Colégio”.

Em 1924, o então Provincial Frei Vicente Soler (hoje beato) em visita canônica ao Brasil, ao pisar as terras francanas e contemplar a Igreja de N. Sra. Aparecida, ficou encantado pela obra, e elevando seus olhos à Virgem, deu-lhe graças por haver ajudado seus filhos queridos em empresa tão gigantesca. E ao sair do santuário, suspirou e exclamou cheio de admiração: “Esplêndido lugar! Que bem estaria aqui nosso Colégio de estudos!”. E surpreendido pelo entusiasmo de Frei Gregório Gil que manifestou prontamente estar disposto a tornar realidade seu desejo, após entendimentos com seu secretário e o Padre Vigário do Brasil, deu licença para começarem o Colégio. A poucos dias seguia o padre superior local para Ribeirão Preto para obter a necessária licença do senhor bispo da Diocese, e pouco mais de um mês após a partida do Padre Provincial, aos 22 de janeiro de 1925, era abençoada e colocada a primeira pedra do Colégio de Estudos dos Frades Agostinianos Recoletos na cidade de Franca, que viria a se chamar Escola Apostólica Agostiniana Nossa Senhora Aparecida.

Apesar dos minguados recursos de que se dispunham, as obras prosseguiram com notável aceleração. Aos 26 de setembro de 1927 chegou a primeira turma de estudantes vindos de Ribeirão Preto, os quais se instalando no novo colégio, formaram a primeira comunidade. No dia primeiro de outubro começaram as aulas, havendo antes cantado a Missa do Espírito Santo. A bênção solene, no dia 12 de outubro, foi efetuada pelo senhor Bispo Diocesano Dom Alberto José Gonçalves. Vale a pena transcrever aqui algumas palavras do discurso do Exmo. Sr. Bispo:

“Quando tive a alegria imensa de benzer esta igreja, não cri que dentro de tão pouco tempo teria o prazer, tão grande para mim, de inaugurar o Colégio, que então era um projeto mui distante e hoje é uma feliz realidade. Aos trabalhos de nosso zeloso Pároco e aos esforços de seus dignos Coadjutores, deveis a obra que com vossos próprios olhos presenciais. Este Colégio, asilo de paz e de oração, há de ser um para-raios da justiça divina. Daqui hão de sair os infatigáveis apóstolos que evangelizarão em nossas selvas, e os missionários que levarão a luz da fé a nossos selvagens. Portanto, eu me felicito a mim mesmo, porque este Colégio está edificado em minha querida e amada Diocese; felicito a vós, porque foi Franca a escolhida entre todas as cidades do Bispado, para erigir esta escola de perfeição religiosa; e felicito também à benemérita Ordem dos Padres Agostinianos Recoletos, por ser ela a eleita por Nosso Senhor, entre as demais ordens religiosas, para levantar esta casa e esta igreja, onde possam dar muita glória a Deus e aumentar assim a plêiade de homens ilustres, que campeiam nos anais da Igreja Católica e nos seus próprios. Que Maria Santíssima Aparecida os abençoe e lhes ampare para que nenhum desfaleça, e para que todos sejam santos e perfeitos religiosos”.

Nascia assim o Seminário Nossa Senhora Aparecida, que apesar das distintas etapas por que passou quanto à finalidade formativa nestes quase cem anos de existência, mantém-se fiel à sua missão de formar religiosos e sacerdotes para a Igreja, cristãos para o mundo e operários para o Reino de Deus. Recordamos as centenas de frades aqui formados, na pessoa do beato Frei Julián Moreno, que aqui concluiu seus estudos eclesiásticos, tendo sido ordenado presbítero na então matriz – hoje catedral – de Nossa Senhora da Conceição; ele é um dos sete agostinianos recoletos elevados à glória dos altares por haver derramado seu sangue pela fé católica e pelo Evangelho na guerra civil espanhola (1936-1939).

Anexo ao Seminário, desde 1975, funciona o Instituto Agostiniano de Filosofia, centro de estudos filosóficos que, em nível de excelência,  proporciona o curso de filosofia aos futuros religiosos e sacerdotes, não somente agostinianos recoletos, mas também da diocese, estando aberto a outras congregações, novas comunidades e leigos.

A igreja conventual foi elevada à categoria de matriz paroquial aos 25 de maio de 1968, por um decreto assinado pelo arcebispo de Ribeirão Preto, Dom Felício da Cunha Vasconcelos. O primeiro pároco, Frei Esteban Montes foi empossado no dia 02 de junho do mesmo ano. Dado o crescimento dos bairros existentes, quando de sua criação, e o surgimento de novos, foi preocupação constante da paróquia a formação de comunidades e a construção de capelas, chegando a um total de quinze capelas – doze urbanas e três rurais -, gerando em 2011 uma nova paróquia, a do Sagrado Coração de Jesus, que esteve também sob os cuidados dos agostinianos até 05 de fevereiro de 2017. Mesmo com a divisão, a paróquia da Capelinha segue uma paróquia grande, dinâmica e modelo.

A Capelinha – Seminário, Instituto de Filosofia e Paróquia –, sem dúvida, ocupa um lugar especial na história da Ordem e da Diocese de Franca, sendo referência na formação religiosa e acadêmica dos seminaristas, bem como na pastoral; é também o principal centro de devoção mariana na diocese, sendo para o povo o “santuário” mariano, a Casa da Mãe Aparecida em Franca e região.

À guisa de conclusão

Por questão de brevidade, reduzimos esta resenha a poucos dados históricos,  praticamente a elencar as diversas cidades e paróquias da diocese onde estiveram ou estão presentes os frades agostinianos recoletos. Deixamos de lado, talvez o mais importante, a relação dos nomes dos frades que aqui viveram e o relato dos inúmeros eventos, fatos e obras materiais e espirituais que testemunham a profícua entrega destes homens ao serviço da Igreja e do Reino de Deus nestas plagas do nordeste paulista.

Estas informações estão certamente registradas nos livros de tombo paroquiais, livros de fatos notáveis das comunidades religiosas, nos boletins oficiais das Províncias Santo Tomás de Vilanova e Santa Rita de Cássia, mas sobretudo na memória coletiva e no coração do povo de Franca e região.

Cremos, no entanto, que o aqui relatado é suficiente para mostrar que a história da diocese de Franca se confunde com a história dos agostinianos recoletos nesta parte do Brasil. Hoje a presença dos frades se limita à Capelinha e Nossa Senhora das Graças, mas em toda a diocese respira-se a espiritualidade agostiniano-recoleta, consequência natural desta presença já centenária e que seguirá até quando o Senhor quiser, para sua maior glória, serviço à Igreja e difusão do Reino.

Que o nosso bom Deus, por intercessão de Santo Agostinho, Santa Rita de Cássia e demais santos agostinianos, continue abençoando a Ordem dos Agostinianos Recoletos e a Diocese de Franca. Amém.Frei Afonso de Carvalho Garcia, OAR 

FONTES:
AGOSTINIANOS RECOLETOS NO BRASIL. Álbum do centenário. 1999. Edição comemorativa. 91p.
BELMONTE, Fr. Agustinho. 100 anos de presença agostiniano-recoleta no Brasil (1899-1999). Rio de Janeiro: Gávea, 2000. 162p.
CINQUENTENÁRIO dos Agostinianos Recoletos no Brasil  (1899-1949). São Paulo:Brusco &Cia, 1949. 144p.
MARRODÁN, Clemente. Labor de los Agustinos Recoletos en Franca. Boletín de la Provincia de Santo Tomás de Villanueva de Andalucía. Monachil (España). Año VIII, nº  86-95, p. 74, 171, 248, 282, 307 y  Año IX, nº 100-101, p. 101 e 137. 1928/1929.

Mais em Notícias da Província
 
 

Chame-nos

no WhatsApp