“Queremos intensificar a capacitação e preparação dos promotores vocacionais”
17.05.2020 - 16:28:02 | 6 minutos de leitura
Comunicar a mensagem cristã aos jovens de hoje é um grande desafio
Por Nicolás Vigo
Gustavo Barbiero é um agostiniano recoleto, presidente do Secretariado de Juventude e vocações da província Santo Tomás de Vilanova. Ele é o brasileiro e esta à cargo da animação vocacional dos países de Argentina, Brasil, Espanha, Peru e Venezuela. Para isto trabalha em equipe com uma rede de promotores vocacionais em cada pais.
Gustavo, ademais esta muito comprometido com o trabalho com os jovens; não entanto, a pandemia tem freado muitas de suas iniciativas; Conversamos com ele e isto foi o que nos disse.
- Gustavo, em alguns países se celebra a Semana Vocacional agostiniana, não é o caso do Brasil?
Sim, em alguns países se celebra a “semana vocacional agostiniana recoleta”, porém em alguns deles já é costume se fazer em outra data. O que se passa é que no caso do Brasil há um costume antigo de se celebrar o mês vocacional em agosto. Todo ano a Igreja no Brasil dá um foco muito forte na questão vocacional em todos os âmbitos. Por isso, nós decidimos deixar para celebrar não só uma semana vocacional, mas um “mês vocacional agostiniano recoleto”. Isso tudo, porém, não impediu que os ministérios celebrassem de maneira muito bem preparada o domingo do Bom Pastor, dia de Oração mundial pelas vocações.
- Como promoção vocacional, a nível de Província, quais as metas que se tem fixado?
A nível da Província de Santo Tomás de Vilanova tem-se trabalhado bastante pela questão vocacional; tentamos cumprir ao máximo o que nos pediu e ordenou o capítulo geral e o capítulo provincial. Primeiro, temos que agradecer o apoio incondicional que o provincial e seu conselho dão aos promotores vocacionais. Como metas de trabalho tem sido intensificar a formação e preparação dos promotores vocacionais, incentivando-os a participar em cursos e encontros promovidos pela Ordem e pela Igreja. Uma das metas principais de nosso secretariado vocacional e juvenil é promover uma “Escola de Promotores Vocacionais”, que aconteceria em julho desse ano, mas diante da atual realidade, tivemos que cancelar e iremos remarcar uma nova data. Também temos trabalhado forte a questão do IVAR (Itinerário vocacional agostiniano recoleto) em todos os países, e também, como meta estamos vivenciando os encontros de orientadores vocacionais locais em cada país onde está presente nossa Província, com a participação dos leigos de nossos ministérios, para que estes se sintam parte essencial no trabalho vocacional. Já conseguimos promover esse encontro na Espanha, Peru e Brasil; na Argentina e Venezuela estavam programados para o passado mês de abril, porém, com toda essa pandemia, tivemos que adiar. Esperamos ainda no ano de 2020 realizá-lo.
- Como trabalham os promotores vocacionais em meio a esta pandemia?
É um desafio; temos vivido um tempo novo; e é claro, a pastoral vocacional não está fora dessa novidade. Muitos promotores estão sendo criativos nesse tempo de pandemia, com o acompanhamento aos jovens vocacionados por meio de plataformas digitais, mensagens de celular, gravação de vídeos, etc., já que os encontros físicos não podem acontecer. Esse tempo de pandemia tende a nos ensinar uma nova forma de acompanhar, mesmo distantes fisicamente, próximos digitalmente. O que não podemos jamais é perder o contato com esses jovens acompanhados, para que se sintam amparados nesse momento difícil que o mundo está passando.
- Jáse passaram vários anos das novas estratégias que foram implementadase do novo estilo de trabalhar a promoção vocacional. Quaisos resultados que se tem obtido?
Com a graça de Deus evoluímos muito no trabalho vocacional a nível de Igreja e de Ordem. Em relação a Igreja, desde o Papa (São) João Paulo II tem-se falado muito mais em uma “cultura vocacional”; nossas comunidades eclesiais têm-se sentido de fato semeadores vocacionais. Sabemos, no entanto, que ainda faltam muitos leigos se sentirem comprometidos com essa missão de semear o chamado vocacional que Deus faz a todos os batizados. Em relação à nossa Ordem, muito avançamos; há alguns anos a ordem adotou uma forma de trabalhar a questão vocacional baseada na imagem do homem do campo, que ao cuidar de sua colheita trabalha as fases de “arar, semear e cultivar”. Temos hoje bons documentos e materiais diversos que ajudam nessa semeadura vocacional. Outro resultado importante também é a questão de formação específica dos promotores vocacionais; tem sido uma preocupação frequente da Ordem a formação e preparação, seja em encontros ou em materiais disponibilizados. Outro resultado ainda importante, de modo particular para nossa Província de Santo Tomás, tem sido o aumento do número de vocações; isso é resultado do incentivo e apoio de nosso provincial e seu conselho e também do labor incansável de nossos promotores e orientadores vocacionais locais de cada país.
- É difícil comunicar aos jovens de hojea mensagem de Jesus Cristo?
Comunicar aos jovens de hoje a mensagem cristã é sim um grande desafio. Porque não é somente ensinar várias teorias sobre Jesus Cristo, mas sim como conhecer, imitar e querer segui-lo mais radicalmente. É difícil aos jovens muitas vezes entender que a proposta de Cristo é uma proposta radical e que aquele que decide entregar sua vida por ele decide abandonar-se em suas mãos; confiar inteiramente nele. Um outro desafio difícil para os jovens é a questão de um compromisso duradouro, perpétuo. Para muitos jovens o “perpétuo” é tempo demais, e com isso, tem medo de assumir um voto, uma consagração radical. Nossa missão é ajudá-los a entender que vale a pena entregar a vida radicalmente pela causa do Reino de Deus. Como dizia o Papa Emérito Bento XVI: “quem tudo dá a Cristo não perde nada, ganha tudo”.
- Como respondem os jovens ao carisma dos agostinianos recoletos?
O que mais me impressiona e encanta é que o nosso carisma agostiniano recoleto continua a inflamar o coração de muitos jovens. Muitos se enxergam em nosso pai Santo Agostinho, na sua conversão de vida e no seu jeito de seguir Jesus Cristo. A vida de interioridade, a vida de comunidade, a vida de amizade e a vida de apostolado tem feito ainda com que o coração do jovem se sinta também apaixonado e ardendo de desejo de seguir a Cristo. O maior desafio, creio, está em nossas comunidades, em cada religioso, pois nós mesmos somos a melhor propaganda vocacional do carisma que pode existir. Quando assumirmos de fato isso, muitas outras pessoas também irão querer seguir Jesus Cristo, no estilo de Santo Agostinho.
- O Brasil é um país que está sendo muito afetado pela COVID-19.Qual sua opinião sobre esta realidade?
Sim, realmente o Brasil tem sido um país muito afetado pela COVID-19. Tem sido muito difícil e duro e ver as pessoas perdendo seus parentes e amigos por causa dessa doença. Porém, dói ainda mais ver as pessoas que não tomam cuidado e consciência, que não respeitam o distanciamento e isolamento social; isso não é humano e muito menos cristão. Precisamos nos cuidar, precisamos nesse momento ficar em casa, precisamos ser cristãos na teoria e na prática, na ética do respeito e do cuidado. Que nossas comunidades religiosas agostinianas recoletas sejam um sinal de recolhimento, compaixão e caridade com a humanidade.Que este tempo de pandemia nos ensine a voltar muito melhores do que antes; pessoas cada vez mais solidárias, humanas, que saibam viver acima de tudo, o amor e o respeito. Deus cuide de nós e nos proteja.
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